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7 fev

UMA VERDADE INCONVENIENTE A VIOLÊNCIA CONTRA AS MENINAS E MULHERES.

“Toda vitória esconde mesmo uma luta”, como já dizia Simone de Beauvoir. E se Frida Kahlo defendia “nada é eterno, tudo muda e esta onda conservadora vai passar”. Podemos nos inspirar nestas afirmações, para denunciar permanentemente esta realidade tão perversa, contra meninas e mulheres. Pois vejamos:

         Nunca no Brasil houve tanto desemprego e uma escalada perversa da retirada de direitos, tanta violência, sobretudo violência contra as meninas e mulheres. A nossa democracia está sofrendo sobressaltos, com imediatos rompantes de autoritarismo, desta forma, anda adormecendo as ações democráticas e progressistas num piscar de olhos em 36 meses. Este panorama atual consiste nas alianças do capital financeiro (originado no acúmulo do capital comercial e industrial), com algumas Igrejas conservadoras, alguns projetos liberais, pactos empresariais e jurídicos/parlamentares, todos, contra os direitos humanos/trabalhistas e os movimentos sociais no país.

          Nessa perspectiva, de ações sociais, havemos de gritar pelas meninas e mulheres de todos os cantos, mas sobretudo, pelas garotas e mulheres do nosso Brasil. Sendo um pressuposto que num mundo igualitário e menos desigual, precisa de fato, incluir todas as mulheres em seus diversos segmentos: negras, indígenas, LGBT+, deficientes, idosas entre outras. 

         Toda manhã, ou final de tarde, os telejornais estampam cenas de horror, relatando violências sexuais e mortes de meninas e mulheres. São de toda parte, violentadas por seus pais, namorados, maridos, ou ex companheiros, conhecidos ou não das vítimas que sofrem violências através de métodos recorrentes e cruéis dentro de seus lares, muitas vezes com a conivência de outras mulheres, tão doentes e machistas tanto quanto os homens molestadores ou feminicidas.     

          Não podemos naturalizar a morte das mulheres, praticadas por ações machistas, intolerantes e ignorantes ou por influência da herança do patriarcado ainda presente nas ações de certos governantes e alguns religiosos que se silenciam e pouco fazem para prevenir estas práticas primitivas, que demonstram a barbárie onde os seres humanos ainda repousam. Isto tudo apesar de todo avanço econômico- tecnológico e científico que parte da humanidade se gaba de ter alcançado.

          Muitas mulheres são humilhadas, insultadas, caluniadas, difamadas, roubadas e sofrem diferentes tipos de agressões. Elas têm seus documentos retidos, são encarceradas, abusadas sexualmente, desqualificadas no trabalho, sendo silenciadas e sofrendo muitas outras formas de violência todos os dias. Segundo dados do PNAD 2018, 13 mulheres são mortas todos os dias no Brasil, destas 8 são mulheres negras, evidenciando além de tudo, uma discriminação étnico-racial. Precisamos nos erguer contra a submissão que querem impor às mulheres, pois o patriarcado protege a violência, banaliza as dores femininas… Afinal, para eles tudo é mimimi…

          Desde 2006, existe a Lei 11.340- Lei Maria da Penha para punir os agressores. No entanto, sabemos que a estrutura existente não é satisfatória, pois as delegacias da Mulher não são suficientes, tampouco a formação de policiais, delegados, juízes, parlamentares e governantes demonstra ser apropriada, afim de prevenir, acudir, acompanhar, punir e reeducar homens agressores. É certo que as políticas públicas não estão sendo capazes de garantir a vida de milhares de mulheres que sofrem nas mãos de homens violentos, na maioria das vezes dentro de casa.

          Bem sabemos que as mulheres quando saem de casa, para o espaço público não rompem com as estruturas patriarcais que as amarram às relações na sociedade, pois nossa luta não foi construída pelo empoderamento. Por isso mesmo, em cada cidade, no Brasil, ainda que tenhamos uma escola, não houve um ensinamento na comunidade sobre a igualdade de gênero. Ao contrário, nós permitimos que algumas igrejas e bares construíssem uma educação moral que muito desfavorece as mulheres na sociedade. E esta educação cultural foi sexista e privilegia apenas o mando e a vida dos homens. Então, precisamos melhorar nossas relações e somar nossas forças, qualificando nossas lutas. Devemos construir uma cultura em defesa da liberdade e dignidade femininas. Não podemos nos resignar, afinal, a solidariedade salva vidas. Devemos romper com as amarras do machismo e de tudo que desconsidere as mulheres e as tornam subalternas, menores, abaixo dos homens.

           Acredita-se que a esperança existe na participação popular, que não se resume nas eleições somente. Nesse sentido, o movimento sindical, como um segmento importante nos movimentos sociais, precisa se reorganizar para protagonizar esse avanço social e humano.

          Devemos operar nas redes sociais, nas rodas de conversas, nos sindicatos, nas escolas, associações e universidades fortalecendo a rede de mulheres para construir hegemonias na defesa da causa feminina: SORORIDADE JÁ! Agradecemos os muitos homens que estão conosco na resistência e enfrentamento, contra agressores e homicidas. Nessa batalha cultural, reconhecemos a importância de combatermos a mídia nacional e o poder de algumas religiões, que tanto contribuem nas perseguições políticas contra a educação, a ciência, à igualdade de gênero e o sindicalismo.

         Todavia, as políticas sociais e a capacidade de organização das mulheres deve se reinventar, superar a paralisia, o preconceito e o comodismo. Afinal a busca será sempre a construção da solidariedade, da justiça social na civilização humana, com o bem estar de todos/todas. É urgente a criação de uma agenda de governos e também nas escolas, presídios, sindicatos e delegacias com fóruns de mulheres e de homens em busca de erradicar esse mal da violência contra as mulheres; através de ações formativas e informativas… Meninas e mulheres… presentes…

SUELI AP. LOPES BRAGA  é diretora da APP Sindicato de Londrina.

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