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21 Maio

Covid-19:Pesquisadores recomendam adoção de lockdown de 21 dias em Londrina

Estudo realizado por quatro instituições federais apontou que, se nenhuma medida restritiva mais dura for adotada pelo município, em junho, cidade vai registrar de 15 a 20 mortes por dia.

Um estudo realizado por pesquisadores de quatro instituições federais recomendou que Londrina, no norte do Paraná, decrete lockdown por 21 dias, com restrição de toda mobilidade urbana em níveis de 70% a 90%, para evitar um novo recorde de casos e mortes por complicações da Covid-19 em junho.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas do Amazonas (Inpa), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) e da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e indicou uma piora nos níveis de contaminação e internação na cidade no próximo mês.

O estudo indica que a volta das aulas presenciais pode contribuir para o aumento de diagnósticos e que apenas com 70% da população vacinada será seguro o retorno das atividades.

A pesquisa prevê que Londrina deve ter, em média, quase 200 internações em tratamento intensivo, e de 15 a 20 mortes diárias caso ocorra o retorno das aulas presenciais na rede pública e se medidas restritivas não forem adotadas.

O estudo utiliza um modelo que leva em consideração casos suscetíveis, expostos, infectados e recuperados, e considera o grau de mobilidade urbana para o cálculo do nível de isolamento social. Também avalia taxas de vacinação.

Boletim divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde na quarta-feira (19), indicou que o município chegou a marca de 1.366 mortes por complicações da Covid-19. Somente na quarta-feira, foram 318 novos casos confirmados, no total 54.649 moradores foram infectados pelo novo coronavírus desde março de 2020.

O levantamento também mostra que, atualmente, há 628 casos ativos. Desse total, 263 pessoas estão internadas, sendo que 130 estão na UTI e 133 em leitos de enfermarias.

Há meses, os leitos de UTI específicos para o tratamento da Covid-19 estão totalmente ocupados em Londrina.

Análise de dados

A pesquisa das instituições foi apresentada em uma audiência pública realizada na Câmara de Vereadores, na quarta-feira (19).

Alinhada com o estudo, a promotora Suzana de Lacerda insistiu na necessidade de reduzir a circulação de pessoas para evitar mortes. Ela afirmou que os números de mortes diárias e de ocupação de leitos dos hospitais justifica essa medida.

“Lamento que as pessoas se acostumem a ver 15 mortes em um dia em Londrina. O raciocínio tem que ser: se nós estamos com um colapso na saúde ou se temos que diminuir a transmissão comunitária, quais são os caminhos, quais são as experiências que não deram certo. Voltar às aulas presenciais significa uma grande circulação de pessoas. Abrir determinadas atividades em determinados horários significa uma grande circulação de pessoas e isso significa mortes”, disse a promotora.

A superintendente do Hospital Universitário, Vivian Feijó, também participou da audiência pública. Ela defendeu o isolamento social, a vacinação em massa e que a autorização para a volta das aulas na rede pública deve ser feita com cautela.

Vivian defendeu a necessidade de observar que cada público de ensino precisa de um plano de contingência específico, levando em conta realidades independentes e perfil epidemiológico das diferentes idades.

A superintendente divulgou números de crianças e adolescentes que foram infectados e atendidos no hospital, que é referência para o atendimento da doença, desde o início da pandemia.

O Hospital Universitário registrou 53 internamentos de crianças com idades entre 0 e 14 anos. Em Londrina, foram registrados 1.300 casos de Covid-19 entre crianças de 0 e 9 anos e 3.700 de 10 e19 anos.

“Ainda temos pronto-socorro lotado, a taxa de ocupação de UTIs no nosso hospital está em 107% , de enfermaria em torno de 80%, e um aumento absurdo de procura por atendimento. Somente na terça-feira, a Unidade de Pronto Atendimento referência para Covid-19 realizou em torno de 500 atendimentos. Ou seja, a doença está crescente na cidade. Infelizmente, temos visto atividades sociais próximas ao normal o que tem impactado nas nossas práticas assistenciais e no fluxo de atendimento disponíveis”, destacou a superintendente do HU.

O prefeito de Londrina, Marcelo Belinatti (PP), afirmou que a adoção de lockdown está descartada neste momento na cidade e que não deve mudar nenhum dos decretos. O documento em vigor proíbe o retorno das aulas da rede municipal, mas não impede a volta nas escolas estaduais.

No entanto, Belinatti disse que a partir de segunda-feira (24), quando as aulas em colégios estaduais voltarem, deve ser analisado o impacto dessa decisão no município.

“Os dados são analisados diariamente, semanalmente de acordo com os dados epidemiológicos. As aulas na rede municipal envolvem em torno de 60 mil pessoas e permanecem com aulas remotas. Os atendimentos presenciais de crianças em vulnerabilidade social ou que tenham dificuldade no aprendizado continuam. As aulas nas escolas particulares e estaduais funcionam a partir do decreto estadual. Acreditamos que só quando a vacinação avançar poderemos voltar com as aulas nas escolas municipais”, concluiu o prefeito.

Com informações: g1.globo.com/

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